agora sou jangada

joão meirelles
1 min readSep 21, 2023

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prepare-se que seu coração vai sangrar

na aridez da minha memória vinha vendo a vida como o sertão: seus vazios. sem borda, sem fronteira, sem porta para exílio. então o que esta chave abre? quem habita comigo nessa solidão, se não existe calvário com lugar para dois?

minha amiga me lembra sempre que ao redor do buraco, tudo é beira. e eu tenho que conviver com essas beiras, ou não seria o sertão seus buracos. mas suspeito que essa margem, de tanto martelar, rompeu o dique que separava o sertão do mangue.

de repente, a aridez virou zona úmida. de repente, tem jangada no mar. sim!, o arrastão vai entrar no mar sem fim. chega de sombra, ei, joão! falando em joão, o tempo andou mexendo comigo, mas eu não esqueço: a felicidade é uma arma quente. cuidado!

hoje tudo é mangue: estes caminhos – e suas travessias.

mas não posso esquecer do que disse minha amiga: na travessia, a gente sempre deixa sangue no mangue.

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joão meirelles
joão meirelles

Written by joão meirelles

tudo acontece demais, disse o cavalo. eu concordo.

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